terça-feira, 14 de abril de 2015

cá em casa #3 - o banho!

O banho é um momento muito importante na rotina dos mais pequenos e deve ter-se isto em conta desde cedo. Além do objectivo primeiro, de higiene, o banho está muito associada àquela que é denominada de "higiene do sono" dos bebés e crianças (um conjunto de práticas e rotinas que visam proporcionar ao bebé/criança um sono de qualidade).

Nos primeiros dias, o banho era um momento algo stressante: os preparativos, despi-la, segurá-la correctamente, conseguir dar-lhe banho sem demorar muito tempo, secá-la, vesti-la... Não só não tínhamos a prática como ela também ainda não estava habituada a este momento e chorava. 

Agora que já está completamente na nossa rotina, o banho acaba por ser um momento agradável. Ela já gosta e fica muito relaxada a seguir. 


Então e como é o banho? Nós damos o banho no quarto, em cima da cama. Embora não seja a melhor opção para as nossas costas, consideramos ser a mais confortável para ela. Colocamos a água na casa-de-banho e levamos a banheira para o quarto, evitando que ela sinta as diferenças de temperatura entre divisões. Em cima da cama, porque optámos por esta banheira que se dobra e arruma facilmente, em detrimento de outras com pés/trocador de fraldas incluído. Acredito que essas sejam mais carinhosas com as costas e postura, mas também ocupam mais espaço. Outro motivo pelo qual preferimos dar o banho em cima da cama tem que ver com a segurança: quando ela sai do banho tem a toalha logo ali ao lado e, está a uma altura mais baixa, o que nos deixa mais tranquilos em relação a eventuais acidentes.

Esta banheira tem ainda a vantagem de ser fácil de transportar quando se vai de férias. 



Não dispensamos o termómetro, para medir a temperatura da água (este mede também a do ambiente) e os produtos de banho que nos conquistaram assim que os experimentámos. São suaves para a pele deles, têm um cheirinho agradável, foram aconselhados pela pediatra e na farmácia e duram... 





O banho começa pela carinha, mãos, pescoço, braços, pernas, peito e rabinho. No final, e porque foi assim que nos ensinaram na maternidade, lavamos a cabeça, evitando que fique com a cabeça fria durante muito tempo.





A parte de sair do banho, secar, pôr creme e vestir é a que ela menos gosta... Desta vez tivemos companhia da Siza, que de cada vez que ela chora vem ver o que se passa.




Banheira Stokke Flexi Bath (a Stokke é uma marca nórdica com imensos produtos cheios de pinta para bebés e crianças. Apostam na segurança, conforto e design! Pode ser comprado à parte um suporte para recém-nascidos, mas não nos entendemos bem com ele). À venda na Pré-Natal e El Corte Inglés. 


- Produtos de banho e corpo da Uriage Bebé. Por aqui não dispensamos o creme lavante, o primeiro leite hidratante e o primeiro champô. Também utilizamos o creme para a muda da fralda, quando não está com nenhuma assadura. Brevemente queremos experimentar o creme de rosto! 

domingo, 5 de abril de 2015

conselho vale o que vale #3 - como escolher o pediatra?

Devo começar por escrever que tenho uma relação de amor-ódio com médicos. Não tem que ver com ter medo de ir ou não gostar de ir, tem que ver com ter zero tolerância a médicos sem vocação e pouco competentes. É daquelas profissões em que sou (mais) exigente para quem está do outro lado e, infelizmente, já me deparei com situações pouco felizes, o que me deixa de pé atrás à partida. Por outro lado, quando um médico bom me aparece pela frente, recomendo-o a toda a gente.

Bem, isto para explicar que o processo de escolha do pediatra começou cedo na gravidez, com pesquisa, perguntas, telefonemas. Se para mim quero o melhor possível, para a minha filha muito mais. 

Assim, deixo-vos uma lista de aspectos a ter em conta no processo e escolha do pediatra:

- comecem a vossa demanda ainda durante a gravidez, a partir do terceiro trimestre, pois nem sempre é fácil encontrar algum pediatra que nos pareça bom e conciliar essa opção com as disponibilidades de marcação. 

- comece a fazer uma short-list com alguns nomes/opções: peça a familiares, amigos e colegas nomes de pediatras de referência; faça uma pesquisa dos pediatras que dão consultas num hospital/clínica/consultório da sua confiança/proximidade. 

- depois de ter esta lista de pelo menos seis nomes sugiro que façam o que eu fiz: pesquisem na internet pelo nome do pediatra (ex: "Manuel Silva pediatra"). Queremos ter acesso ao seu CV (normalmente disponível nas páginas dos hospitais privados) e queremos saber que experiência tem e qual a sua especialização dentro da Pediatria (isto pode dar jeito no futuro se detectarmos algum problema relacionado com o sono, a alimentação, o desenvolvimento cognitivo, por exemplo.) Neste ponto em concreto, de análise do CV do pediatra, sugiro que tenha preferência por aqueles que estão ou já estiveram em hospitais públicos (passam-lhes muitos casos pelas mãos). 

- após o CV, andar pela internet a pesquisar pelo nome do pediatra dá jeito para se ir parar a fóruns onde há mães a dar a sua opinião e/ou a relatar experiências que tiveram com esses médicos. Obviamente que neste ponto há uma grande dose de subjectividade, sorte e azar (as pessoas são diferentes, têm percepções diferentes e os médicos podem ter dias melhores e outros piores). No entanto, há dicas que podem valer a pena, como mães a referir que já foram ao mesmo pediatra mas em locais diferentes e que o atendimento muda conforme o sítio, por exemplo. 

- neste ponto a lista já deve estar mais pequena. O passo seguinte é saber preços e acordos com entidades e seguradoras. A má notícia é que normalmente aqueles pediatras de renome não têm acordos ou já não aceitam primeiras consultas. É aqui que a lista se reduz ainda mais.

- o próximo passo é tentar marcar consulta (idealmente nos primeiros 7/15 dias de vida - a não ser que seja necessário ir antes). Se for um pediatra sem agenda e quiser mesmo esse, tente falar com a secretária/assistente e insistir, por vezes resulta. 

- a consulta em si é um dos momentos mais importantes na escolha: há ou não empatia (diferente de simpatia, atenção), inspira-nos confiança, parece-nos cuidadoso, atento e competente, dá o seu contacto, responde às nossas questões... A primeira pediatra a que fomos foi fruto dessa selecção que andei a fazer e acabámos por mudar. Ela tem um bom CV, foi simpática, mas... faltou qualquer coisa. Além disso, a consulta era num hospital onde estão imensos miúdos, muita confusão. Mudámos para outra e estamos satisfeitos, a consulta é mais perto de casa e o hospital mais tranquilo. A primeira era mais nova, mais descontraída, esta segunda é "da velha guarda" já com netos. Isto leva-nos ao ponto seguinte.


- a meu ver os pediatras podem ser divididos em dois grupos: os mais novos, mais frescos e normalmente mais acessíveis, de trato mais fácil; e os pediatras mais velhos, mais maduros, normalmente já avôs, pertencentes a uma geração anterior e com uma postura geralmente mais reservada, calma. A minha primeira opção foi para alguém do primeiro grupo e a segunda para alguém do segundo e identifico-me mais com este tipo de pediatras. Transmitem-me mais segurança. Isto depende de cada um, da nossa forma de ser e do tipo de pessoas com quem geramos empatia. Tentem perceber o que preferem. 

- se não gostam do pediatra, não tenham problemas em mudar. Insistir numa relação médica quando não há empatia e/ou confiança não nos traz nada de bom. Deixa-nos melindrados, desconfiados, inseguros, com receio de fazer perguntas e de expor as situações. Quem perde são os nossos filhos. Antes de mudar, certifiquem-se que têm convosco a informação necessária para passar a um novo pediatra. 

- evitem mudar de pediatra muitas vezes (depois de assentarem). A mudança recorrente afecta a qualidade do acompanhamento médico na medida em que obriga os médicos a começar "do zero", fazer as perguntas da praxe, os exames rotineiros, não dando tempo a que algumas questões sejam aprofundadas e respectivos diagnósticos, despistes. 

Útil?

domingo, 29 de março de 2015

cheiramos a leitinho #2 - noites alternadas?

A meio da noite, tive uma brilhante ideia: para que os dois possamos dormir melhor, cada um fica com ela em noites alternadas. Um no quarto, outro na sala.

A ideia era de facto brilhante, até que me lembrei de um pequeno pormenor: estou a amamentar. 

quinta-feira, 26 de março de 2015

conselho vale o que vale # 2 - babymoon e viajar grávida

Toda a logística de viajar com mais alguém (sobretudo para fora do país), e que necessita de rotinas, horários, cuidados, implica planeamento extra, para além de ser mais uma despesa no momento de viajar.

Ou seja, para muitos pais, enquanto o bebé não tiver idade para viajar ou para ficar entregue ao cuidado de avós e tios, não há viagens para ninguém, o que pode significar não se meter num avião nos próximos 3 anos (não quer dizer que não se possa viajar com eles mais pequenos, mas a logística é maior e quanto mais autónomos forem, melhor). 

Sinceramente, nós ainda não sabemos de que lado estamos: se no lado descontraído que arrisca e a leva ainda pequena, no lado mais conservador e que não viaja, ou no lado mega descontraído que vai sem ela. Sobre isto hei-de escrever. 

Assim como assim, decidimos fazer uma última viagem antes de a Teresa nascer, em jeito de babymoon. Uma última viagem sem termos de levar a casa toda às costas ou sem ficarmos com o coração pequenino por estarmos longe. 

O destino? Paris! Romântico, com imensa arquitectura, cultura e arte, boa comida e pouco tempo de voo.

Alguém viu este hipopótamo perto do Louvre?



Em Outubro, grávida de 6 meses.


Mas isto de viajar grávida tem o que se lhe diga. Por isso, deixo-vos algumas dicas minhas e da Lonely Planet


  • Em primeiro lugar, a escolha de viajar tem de ser consciente. Convém que a gravidez não seja de risco, esteja a correr bem e que o médico não levante qualquer problema. 

  • O melhor trimestre para viajar é o segundo. No primeiro, o risco de aborto espontâneo é maior, pelo que convém ter alguns cuidados extra de modo a garantir maior tranquilidade. Além disso, e falo por experiência própria, neste trimestre o cansaço atinge-nos muito mais facilmente. De resto, para quem sofre destes sintomas, não deve ser nada agradável viajar constantemente nauseada. No último trimestre, para além de já se estar numa fase avançada da gravidez, o que significa que uma grande barriga nos vai fazer maior peso, a possibilidade de um parto prematuro ou maior necessidade de assistência médica é uma realidade. No segundo trimestre já temos uma bela barriguinha para exibir e levar a passear, já ultrapassámos as fases críticas e ainda temos mobilidade para andar de um lado para o outro.

  • Se a viagem for para um país em que seja obrigatório ou aconselhável tomar alguma vacina ou fazer medicação preventiva, é importante confirmar com o médico que não há qualquer problema, e que ele indique o que pode ou não ser tomado. 

  • Se a viagem for de avião, deve sempre confirmar-se qual a política da companhia aérea em relação a passageiras grávidas. Muitas exigem uma declaração médica, normalmente a partir do 7º mês de gravidez.


  • Quando estiver a escolher onde pernoitar, caso opte por alugar um apartamento ou outro tipo de alojamento, certifique-se que não tem de subir imensos lances de escadas, que tem conforto suficiente para dormir e tomar banho.

  • Leve consigo o Boletim da Grávida, onde está reunida informação médica acerca da gravidez.

  • Leve consigo as vitaminas pré-natais e outra medicação que esteja a tomar.

  • Evite levar demasiada bagagem, pois vai ter de a carregar. 

  • Opte por roupa e calçado confortáveis e pondere utilizar meias/collants de descanso para grávidas e uma faixa para a barriga. Durante a viagem, sobretudo se for de avião, beba bastantes líquidos, e levante-se algumas vezes, de modo a que uma eventual tromboflebite não se agrave. 

  • No destino, não se esqueça das recomendações médicas em relação ao que é ou não aconselhável comer. Tenha atenção redobrada se estiver num país em que a gastronomia seja muito diferente (vegetais crus, ovos, carnes, peixes, marisco, água da torneira...). Certifique-se que não ingere nada indevidamente cozinhado. Não queremos arriscar uma intoxicação alimentar nem nada do género.

  • A gravidez exige um planeamento da viagem ainda mais cuidadoso. Não convém querer ver o Prado, o Thyssen e o Reina Sofía no mesmo dia (sim, eu sei que estes são em Madrid). Sugiro que se planear uma ida a um museu, por exemplo, não coloque mais nada na agenda para esse dia. Intercale actividades de maior esforço com outras mais relaxadas. Não se esqueça de ir parando e descansando. O cansaço ataca de repente e não convém exagerar.

  • Informe-se acerca dos meios de transporte e perceba qual o melhor para si. Em Paris, por exemplo, embora o metro seja uma boa opção, tem de se andar bastante entre as estações e linhas, acabando por não compensar tanto. 

  • Evite filas. Se puder compre bilhetes/entradas com antecedência e não se esqueça que provavelmente tem prioridade por estar grávida.

Boa viagem!




Raquel

terça-feira, 24 de março de 2015

cá em casa #1 - livro "Pediatra para todos"

Além da minha mãe e de uma das minhas irmãs, que são género pediatras de serviço permanente, costumamos recorrer ao livro "Pediatra para todos" do pediatra Hugo Rodrigues, editado pela Verso de Kapa.

Quando temos pequenas dúvidas ou questões sobre a alimentação, sintomas de doenças, o que é normal ou não, sono, e pequenos cuidados do dia-a-dia, lá abrimos nós o livro que nos tem ajudado e acalmado bastante.

Obviamente que isto não substitui um pediatra, mas para temas pouco preocupantes e dúvidas simples, é bastante útil.

Sobre a escolha do pediatra, escreverei noutro post. 

Imagem retirada do site Verso de Kapa

domingo, 1 de março de 2015

baby blues - quando ficamos orfãs de nós

A gravidez não nos prepara para ser mãe. A vida, os livros, a teoria, a prática com os primos, irmãos e sobrinhos, nada nos prepara para ser mãe. 

A natureza, que é tão mágica nisto de nos transformar o corpo e de nos fazer capazes de gerar vida dentro de nós, parece imperfeita ou injusta quando, depois do parto, somos lenta e subtilmente hipnotizadas por um estado emocional nunca antes experienciado.

Nascer mãe é um parto difícil, física e emocionalmente. Lembro-me da primeira noite que passámos as duas juntas, no hospital, em que não preguei olho. Nessa fase, os baby blues ainda não tinham batido à porta, mas uma tristeza mascarada de alegria e comoção já pairava sobre mim. Passei a noite a olhar através do berço transparente, a vê-la. A reconhecê-la. A querer protegê-la de tudo e a pedir que nunca nada de mal lhe acontecesse, e de estar em pânico de não saber como cumprir o meu papel. 

Nascer mãe é um parto difícil, doloroso. Os primeiros dias podem ser de uma solidão sem fim. De repente, normalmente depois de estarmos em casa, quando temos de gerir novas rotinas e uma nova pessoa nas nossas vidas, abate-se sobre nós a dúvida, o sentimento de culpa, o remorso, o medo, a tristeza, a desilusão e, novamente, o sentimento de culpa porque julgamos ser as piores pessoas do mundo por não estarmos a dar pulos de felicidade pelo nosso bebé.

A verdade é que essa nuvem a que chamam de baby blues nos suga as forças e o optimismo e deixa-nos uma série de perguntas e pensamentos com os quais temos de lidar: "fiz bem em ter tido um filho?", "vou ser capaz de cuidar dela?", "preciso tanto de descansar", "não consigo tratar dela", "a minha vida nunca mais vai ser a mesma", "o meu marido vai deixar de gostar de mim", "porque é que me sinto assim?", "o meu bebé não me vai amar".

As perguntas sem resposta repetem-se durante alguns dias, ecoam no pensamento e toldam-nos os sentidos e sentimentos. Ninguém nos prepara para isto, ninguém fala abertamente sobre isto e nós temos vergonha de admitir que estamos neste estado. 

Os baby blues tornam-nos orfãs de nós mesmas. Raptam-nos para longe e deixam no nosso lugar uma mancha ténue do que somos. Choramos, choramos, choramos. As lágrimas saltam sem aviso nem motivo aparente e a dor de chorar de tristeza a olhar para o nosso filho só nos faz querer chorar mais.

Os dias são compridos de mais para serem suportados e demasiado curtos para que consigamos fazer deles alguma coisa que nos anime. Um cansaço interior consome-nos a alma. O nosso bebé precisa de nós e temos dois pesos em cada perna, no peito, na cabeça, nos braços. Quando a recuperação do parto é mais complicada, como foi a minha, tudo isto imagino que tome proporções ainda maiores.

Os meus baby blues vieram e foram embora de forma intensa e veloz. Em muito contribuiu o facto de ter conseguido pedir ajuda e verbalizar que estava com medo. Em muito contribuiu ter um marido que me ajudou em tudo e que me pediu para ter força. Não tenham receio de pedir ajuda nem de falar abertamente sobre o que sentem com os vossos companheiros, amigos ou família. Este é o melhor conselho que posso deixar. Os outros são os de repetirem a vocês mesmas que é normal e que muitas mulheres passam por isto. É difícil acreditar que tal estado possa ser normal e que vai passar, mas é a verdade. Passa.

Mentalizem-se que são as hormonas a responder por vocês e a tomar conta do vosso estado de espírito e repitam isso incansavelmente. Não se deixem ir mais fundo do que aquilo que é suposto, para não correrem o risco de ficar presas na rede e de esta situação se tornar menos passageira e menos reversível. O medo da depressão aqui pode funcionar como motivação para combater os baby blues

Peçam ajuda para tratar do bebé, verbalizem o que sentem para atenuar os sentimentos de culpa, deixem-se mimar e tomem consciência de que é normal. 

Mais cedo do que esperam regressam, sãs e salvas e felizes. Algumas dúvidas persistem, provavelmente alguns medos também. Mas a tristeza vai-se e, a pouco e pouco, os dias tornam-se mais fáceis, mais felizes. A pouco e pouco sabem que dão o melhor de vocês e que o vosso melhor é o que basta ao vosso bebé.


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

conselho vale o que vale #1 - o robe para a maternidade

Esqueçam. Embora faça parte de muitas listas do que levar para a maternidade e seja uma preocupação nossa, esta é provavelmente das coisas mais imbecis que levamos para lá (falo por mim). 

As maternidades e os quartos estão com uma temperatura ambiente a rondar os 36ºC, género Beja em pleno Julho ou Agosto. Por isso, a não ser que queiram ficar a cheirar a jardim zoológico ou ao Eléctrico 15 no Verão, desaconselho que usem o bendito robe.

Além de que, depois de termos várias equipas de enfermeiros a apalparem-nos as mamas e a espreitar o nosso pipi, ficamos com uma noção de pudor ligeiramente destrambelhada. Queremos lá saber. 

Para quem fizer questão, a Pré-Natal tem uns simples, macios e leves, sem rendinhas e laçarotes. Eu um a 39,95€ . Uso-o em casa, enquanto dou de mamar (se bem que agora já tenho mais jeito para a coisa e já não me dispo toda, que este despe veste é cansativo).

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

o parto

29 de Janeiro, 40 semanas certas e o receio de prolongar a gravidez tendo em conta que a miúda era grande. Fomos, como combinado, às urgências, ter com a médica que me seguiu nas últimas semanas no Hospital de S. Francisco Xavier (a fantástica Dra. Lurdes Gonçalves), para ser avaliada. 

O toque dizia que ainda faltava, mas o CTG já acusava contracções. Eu ansiosa, a querer que fosse naquele dia, com aquela médica. Uma ansiedade louca, cansada de estar grávida, com vontade de a ter nos braços, a parecer maluquinha de cada vez que sentia uma contracção (será que é desta que pegam?).

As contracções, pouco ou nada dolorosas, mas com algum ritmo, fizeram com que ficasse. Fui dar uma volta de uma hora, a pé. 


A última fotografia grávida

Quando voltei, o colo do útero já estava mais molinho, mas ainda nada de especial. Fui internada e levaram-me para o bloco. Estava em início de trabalho de parto mas precisava da ajuda da ocitocina. Deviam ser mais ou menos duas da tarde. 

Tinha contracções, sem dor. Nada insuportável. Os anestesistas vieram a certa altura (a noção do tempo perde-se) perguntar se ia querer epidural. Respondi que por enquanto não precisava, não tinha dor. Fui fazer exercícios numa bola de pilates para ajudar as contracções e para ela encaixar.

O colo do útero já tinha dilatado mais um centímetro,  mas estava a demorar. Rebentaram-me o saco amniótico para acelerar a coisa e quase instantaneamente passei do 8 ao 80, no que toca a dor. Uma dor tremenda, de me fazer curvar toda sobre mim mesma. O João, que estava ao meu lado, quase que era mordido quando tentou falar comigo, tamanho o desconforto, o sofrimento. Não conseguia pensar. Sei que carreguei 3 vezes na campainha para me darem a epidural. 

Veio um enfermeiro e uma anestesista, calmos e queridos, que me ajudaram a relaxar e me deram a epidural sem que eu tivesse quase dor. 

De repente, estava no céu (filha, se me estás a ler, drogas só epidural!) Conseguia pensar outra vez, respirar, conversar. A certo ponto tinha a equipa médica comigo no bloco à conversa. Até de políticas de saúde falámos. Quase que me esqueci que estava ali para parir. 

O tempo foi passando, ia tendo contracções e, de repente, já estava com 8 cm de dilatação. Deviam ser umas seis ou sete da tarde. Aqui comecei verdadeiramente a perder a noção das horas e do tempo a passar e, só passado uns dias depois do parto é que me apercebi do que aconteceu. 

Basicamente, a bebé não estava na melhor posição, a apresentação da cabeça não era a indicada. Tive de me deitar de lado, com contracções, e fazer força, para ver se ela encaixava melhor. Isto demorou algum tempo, não sei quanto. Agora que olho para trás apercebo-me de que a equipa médica conseguiu manter a calma e não deixar transparecer nada, nenhuma ansiedade. Era o meu primeiro filho, para mim aquilo era normal. Sabia lá.

Hoje, sei que não foi inocente quando pediram a um dos médicos que estava de banco para não sair dali (estava fora do bloco, à porta, sentado). Afinal, era o médico especialista na utilização de fórceps. 

Pediram-me para fazer força em várias posições e eu fiz tudo o que podia e o que me pediam. Diziam que estava a ser uma linda menina e para mim tudo aquilo era normal, era assim mesmo.

Lá fora, no entanto, os nervos tomavam conta da família que estranhava a demora, visto que há uma hora atrás já o João tinha ido dizer que estava quase.

Estava quase mas demorou. Pediram ao João para sair. Tiveram de fazer uma episiotomia e ela foi tirada com fórceps kielland, que não só ajudam a puxar o bebé mas também a rodar-lhe a cabeça. Na altura, lembro-me de ver o médico com uma coisa enorme e metálica nas mãos e de não me aperceber que aquilo eram fórceps. 

Entramos num estado tal, que estamos a ver o que se passa à nossa volta sem assimilar a realidade. Não tinha dor, estava cansada de fazer força e estava como que a flutuar no tempo sem noção de nada. 

O João volta a entrar. Às 21:20 ela nasceu. A sensação de ela a sair de dentro de mim, tão estranha e impressionante, fez-me respirar de alívio. Só queria saber que estava tudo bem. Oiço dizerem que nasceu com 3975gr, e eu digo que me estou a sentir mal. Dão-me oxigénio e olho para ela, que está ali ao lado, com os enfermeiros. 

Ver os grandes amores da minha vida a olharem-se pela primeira vez, fez-me chorar. Já estava. Era real. Éramos três. 



A primeira fotografia dela.


Só me resta agradecer à equipa fantástica que esteve comigo neste momento tão marcante. Pela tranquilidade e serenidade que mantiveram ao longo de todo o trabalho de parto, não deixando transparecer ansiedade nem preocupação. À Dra. Lurdes Gonçalves, o meu muito obrigada. É inspirador encontrar alguém tão competente e tão humano como ela. 

Como nem tudo é perfeito, as únicas críticas que posso apontar são questionar-me sobre o motivo pelo qual não foi feita nenhuma ecografia antes do parto, e a episiorrafia que me foi feita e que acabou por infectar (faz-me confusão que com tantos pontos não receitem logo um antibiótico e indiquem um tratamento com pomadas). Com a ecografia talvez  se pudesse ter visto antecipadamente que ela não estaria na melhor posição e o sofrimento de ambas teria sido menor, eventualmente. Com o antibiótico e pomadas e uma sutura mais jeitosa, talvez se tivesse evitado voltar lá segunda vez para o corte e costura... 

De resto, cinco estrelas. É lá que quero ter um segundo filho (mas agora não quero pensar nisso, ok?)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

cheiramos a leitinho #1 - a primeira vez que lhe mudámos a roupa

E a histeria que é vestir um recém-nascido pela primeira vez, a dois?

Histeria no mau sentido, pois claro, porque se já é difícil uma só pessoa conseguir vestir um ser com poucas dezenas de centímetros, imaginem duas. 

A cena no hospital foi engraçada, com direito a "discussão":

- Cuidado, olha a cabeça.

- Estás a agarrar?

- Olha o braço, cuidado! 

- Não a apertes!

- Espera aí, dá cá, primeiro agarra a manga.

- Não a puxes assim.

- Ainda lhe partes um dedo.

- Não é assim!

- Como é que isto se aperta?

- Mas isto está a boiar!

Imaginem um diálogo semelhante a este protagonizado por dois adultos debruçados sobre uma cama com um bebé lá deitado, a espernear aos berros. Acho que transpirámos um bocadinho.

E convosco, cenas do género? Partilhem!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

estamos grávidos!

Eu e o João falávamos várias vezes em ter filhos, 3, 4, 5. Dentro de nós pulsava, ainda que de forma discreta, a vontade de nos multiplicarmos. 

Bem, a minha vontade não era tão discreta assim porque isto da natureza é mesmo assim e tinha o meu relógio biológico a apitar há bastante tempo.

Conversávamos sobre isto naturalmente. Quando fomos viver juntos, o quarto de um futuro filho já estava destinado. Não tínhamos pressa mas também não queríamos ter um primeiro filho muito tarde.

O plano era deixar a vida assentar, arranjar emprego estável, aproveitar a vida a dois... 

Depois casámos. Depois fomos de lua-a-de mel para Itália, numa viagem de carro, de mais de 5000 km, durante praticamente 1 mês. 

Foi aí, longe de casa, que decidimos ou nos apercebemos, sem grandes equações, que queríamos ser pais. Esperar por estabilidade? A estabilidade vai e vem, nada é garantido hoje em dia. Quanto tempo seria esta espera? Quanto tempo temos? 

Não foi planeado, no sentido de "a partir de agora vamos tentar ter um filho", nem foi, de todo, acidental. Foi sentido. Se tiver de ser, é. E foi. 

Estávamos perto das Cinque Terre, num sítio encantador: Il Borgo di Campi. Se calhar foi da vista para o mar e para as vinhas. Estávamos em Itália. Tinha de ser ali, celebrar o nosso amor em viagem. É nas viagens que descobrimos que nos amamos ainda mais do que pensávamos. 

Nesse dia, o mesmo da fotografia, escrevi-lhe um poema, a esse filho que poderia aí vir:

"Que os teus olhos sejam cor de uva escura,
e a tua alma tão grande quanto o mar.

Que tenhas a coragem da montanha
e um peito gigante para amar."




Passados doze dias, a 23 de Maio e já em Roma fiz um teste de gravidez mesmo sabendo que poderia ser cedo para acusar alguma coisa. Mas eu já sabia que a minha pinhoca estava ali. Sentia o corpo diferente, um desconforto na barriga e nos rins. Não aguentava esperar para ter a confirmação. 

O Clearblue deu-nos a notícia (e em italiano!), com as semanas estimadas de  gravidez...




Nessa noite saímos, como se andássemos por cima de nuvens ou algodão doce e Roma ficou mais bonita. Ao jantar não bebi vinho e a nossa aventura a três começava... 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

coisas que me fazem tremer o olho #1 - a máfia das toalhitas

Inventam toalhitas com ph neutro, sem perfume, com textura suave e delicada, com loção, sem álcool, anti rabinho assado e o diabo a quatro... Mas ainda não inventaram uma embalagem ou um sistema que evite que saiam 7 toalhitas em vez de 1.

Há duas hipóteses: ou se faz uma bola com o excesso de toalhitas e amarfanha-se tudo lá para dentro de novo, sabendo de antemão que da próxima vez a bola vai ter de sair na mesma cá para fora, ou se pensa "já que saíram tantas, deixa-me aproveitar" e toca de limpar as mãos, refrescar o pescoço e, quiçá, até limpar o pó às mesas de cabeceira.

Isto é uma máfia, só para nos ir aos bolsos. 

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

no dia em que nasceste abracei um pinheiro

No dia em que nasceste, há precisamente 12 dias, abracei um pinheiro. Não foi a primeira vez que abri os braços à volta de uma árvore. Ainda tu eras do tamanho de uma mínima pinhoca, já eu pedia à natureza que te protegesse, te trouxesse a mim com saúde. Talvez fosse também uma maneira de extravasar o amor que sentia. Criava-nos raízes.


O pinhal de São Pedro de Moel, esse lugar que existe também dentro de nós, era o abrigo que te imaginava quando ainda estavas dentro de mim (estás dentro de mim para sempre). 

A minha pinhoca. Teresa. Tens este nome porque rima com Natureza. Não tinha a confirmação de que ali estavas, parte de mim, e já tinha a certeza. Esta foi, por isso, a tua primeira fotografia: